quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entrega alucinada

Esta é uma entrega alucinada: Um presente de mim para mim.

Ando à minha procura, talvez já faça muito tempo. Talvez nunca tenha sabido onde comecei esta busca, nem nunca soube porquê.
Não... não é que me sinta perdida, não é que não saiba de mim. Só me pergunto onde foi que comecei a perder o tudo que me faz sempre falta.
Desde sempre escrevi... Aos seis anos, um lindo poema, acabava em anedota, e mais tarde irei escrevê-lo aqui, quando este blogue se criar a si próprio.
Desde o fim da minha infância ao início da vida adulta (??-isso existe), longas foram as noites em que chorei sem saber o motivo, escrevi como quem morde uma maça sucolenta com a força de um esfomeado por aquele sabor que nunca soube descrever bem, mas desde tenra idade lhe chamei « sabor a verde». Acendia velas e escrevia, como se não houvesse amanhã. Com a desorganização organizada, como lhe gosto de chamar, até penso ter uma compilação dessas folhas e guardanapos e papel higiénico e folhas de árvores, onde ia escrevendo sempre que o peito me apertava, como se se tratasse de um pronúncio maior... sim, muito maior que eu, muito mais forte que eu, muito mais além que eu, no fundo muito mais de mim.
Entre esvaziamentos da minha cabeça a tentativas de esvaziar a cabeça, essas pequenas criações, que mais tarde poderei a vir chamar tesouro, tiveram uma interrupção cega, num período em que viver começou a ser um puzzle ainda maior e a criação se perdeu sei lá eu por onde. No entanto, há rasgos anuais de algo «estúpido» que fui escrevendo que só se vai tornando bom, à medida que o tempo passa e as feridas se moem e curam e cicatrizam, como se a vida fosse uma gripe antiga que só passa com «mezinhas da avózinha»... Uma avózinha singela, uma avózinha quase infantil, que ao longo do tempo teima em se ir curando a ela própria. A avózinha que sou eu para mim mesma. Como qualquer avó, minha ancestral, eu vou cuidando de mim. E às vezes, sou mesmo avó... deixo-me ir ao fundo, porque não nos podemos deixar evitar as desilusões, os impulsos... as desilusões... e como uma boa avó, acabo sempre por me dar colinho, fazer festinhas na cabeça e após muitas lágrimas e sufoco, afirmo que vai correr tudo bem... que vai ficar tudo bem... e corre... Pronta para outra. E esta é a história da minha vida, resumida na forma quase desprovida de apoio total, que sinceramente nunca encontrei em ninguém, por muito que mo tenham dado, porque não suporto a ideia de que se estou no buraco é porque eu me deixei. E é por isso que sou eu que tenho que me ir lá buscar.
Este pressuposto, desde cedo me fez estabelecer uma dualidade que, para mim, é tão certa como haver céu e terra, uma dualidade minha, que sempre foi ganhando identidade através dos meus dois nomes próprios, aos quais sempre respondi de igual modo quando me chamavam. Cada um deles foi-me mais chamado em determinados periodos da minha vida. Neste momento tenho a herança desses períodos e tanto me chamam o primeiro como o segundo. Inclusivé há pessoas que me chamam um ao falar para mim, e outro ao referirem-se a mim... o que não deixa de ser giro. Digo isto, porque ao longo do tempo, de forma a conseguir compreender as dualidades que sempre se passaram cá dentro, tive a necessidade de nomear cada uma das discrepâncias do meu ser com o meu primeiro ou segundo nome. Não foi de propósito, aconteceu. E já há muito tempo que o meu objectivo é responder aos dois nomes juntos.
Isto pode parecer estúpido e sem sentido para muita e muita gente. No entanto, a essas pessoas garanto que tem todo o fundamento do mundo. Não falo de dupla personalidade, mas sim de «modus operandi» face à vida paralelos. Como se, com o mesmo fundo, me pudesse facilmente ter tornado numa ou noutra, sem que nenhuma delas, no fundo, deixasse de estar sempre presente. Daí eu procurar a plenitude e prosperidade de me sentir verdadeiramente inteira.
Vou afirmar isto só uma vez: No fundo, este blogue não interessa a ninguém. Este blogue só pode mesmo interessar-me a mim, ou a um qualquer psicoterapeuta que eu venha a consultar no futuro. Sempre tive vontade de ter um, a minha dificuldade foi sempre : «POR ONDE É QUE EU HEI-DE COMEÇAR????» Ao contrário de muita gente eu sempre tive a noção de quanto poderia custar a terapia que eu preciso. No entanto, estou adaptada ao mundo. Estou adaptada a mim. Só precisava de «rematar» as minhas pontas soltas. Aí tenho a certeza que a minha vida ia ser boa. Agora é boa, no geral, mas quando acontece uma desgraça, sou tipo o efeito dominó, e acreditem que é mesmo verdade. Se eu contasse episódios de cada um dos meus períodos críticos, a palavra inacreditável seria o que melhor os classificava.
Por isso, este é um blogue narcisista, só me interessa a mim. É uma entrega alucinada ( NÃO, NÃO SOU FÃ DA MAFALDA VEIGA). De mim para mim, com todo o amor do mundo. O objectivo é pôr fim a esse vazio, a essa lacuna temporal que existe nos meus manuscritos e tentar esvaziar de mim, dar-me a mim... e daqui a muitos anos, rir-me ao compreender-me muito melhor.
Aqui vou simplesmente escrever o que me der na tola. ( a palavra tola já fez parte disso). Se alguém me conhecer bem, facilmente me há-de identificar. Mas duvido que alguém me encontre aqui, até porque ninguém anda à procura, e quem andar, certamente não sabe estes meus segredos. Estes segredos através dos quais, através de quaisquer olhos, me descrevo como louca, como dupla, como sei lá eu o quê.
É um blogue para mim. E aqui hei-de escrever de tudo. Desde «o trauma de uma caracol impotente e a sua influência no comportamento do Bin Laden», até ao «como fazer massa com cogumelos em vinte minutos e comer e chorar por mais». Estes são detalhes de mim. Detalhes muito esmioçados. Esmioçados é uma palavra muito minha. Como tantas outras palavras inventadas e tantas outras coisas que são mesmo muito minhas.
A maior parte nem me lembro delas... por isso é que aqui estou, para não deixar que elas me passem ao lado.
Tenho vontade de sentir, vontade de me alargar. Vontade de me perder, desejo de me encontrar. É a única forma de crescer e levar comigo as coisas boas que tenho. E um dia, heí-de estar à beira mar a viver dias e momentos que em tantas alturas passadas, eu já vi, e lhes chamei « Visões»Ver coisas, momentos e situações que tenho a certeza que vão ocorrer, também é uma coisa muito minha. Só sei isso porque algumas já aconteceram. Não. Não sou bruxa... apenas sei juntar peças, de forma intuitiva e perceber o que é provável.Não é algo que faça de propósito, mas quando acontece...sorrio e espero... muitas vezes com carinho, outras com pânico... porque não vejo só coisas boas.
Para que fique aqui bem assente: EU NÃO ADIVINHO. ÀS VEZES PREVEJO, mas não de forma isotérica, mas sim, esquematicamente racional, sem querer. Uma forma de racionalidade que me ultrapassa como aos grande matemáticos que passam de A para D, sem passar por B e C... Esse B e C a eles e a mim são muito difíceis de explicar como não os vimos... vimos mais rápido? Mais eficazmente? Ou simplesmente mais além? Não sei. Nem quero saber. É só mais uma coisa minha. E a mais ninguém deve interessar a não ser a mim. Acho eu.
Fico contente por esta introdução me dar liberdade. É o que vai acontecer daqui para a frente. VOu escrever o que me der na tola. Mais nada. Sempre que me apetecer e nunca quando não tiver a certeza que me apetece.
Agora vou ver o Family Guy, acabar o meu «Outeiro da Águia» e dormir mais descansada do que teria dormido se não tivesse tido este devaneio. Obrigada eu! See you soon.

1 comentário:

  1. Olá,...... ou ...... não sei qual dos nomes preferes que te chame mas para mim a identificação nominal dos seres que adoramos é simplesmente acessória até porque podemos sempre chamar pai,mãe,avó,prima,linda, querida ou até mesmo...MANINHA... para nos dirigirmos a essa pessoa, no entanto compreendo a dualidade que quiseste transmitir quando enuncias o céu e a terra na comparação com os teus dois nomes, acho até que isso se passa com toda a gente.Por exemplo, comigo agora passasse isso e até com um terceiro nome que é o último, a conjugação do nome com determinadas pessoas, épocas, sons ,gostos , etc..tem muito a ver com as nossas vivências,nos grupos que estamos inseridos, no sentido existencialista que temos e nos contemos como o céu e a terra!
    Mas, passando a parte das identificações e das mitificações que um simples nome pode dar ás vivências que temos, falemos então do teu "modus operandis" , discordo quando dizes que as avós se deixam ir ao fundo, discordo também que te deixes ir ao fundo..agora também tenho de dizer que concordo plenamente quando dizes que nao podemos evitar as desilusões nem os impulsos , contudo há sempre alguém que não te deixa ir a esse mesmo fundo, nem que sejas tu própria como referiste....desprovidamente afirmas que o apoio total nunca te deram (?!), ou será que as defesas das mezinhas da avó não o permitiram que alguem com um,dois ou mais nomes conhecidos te pudessem dar esse apoio total?:)
    Tenho de confessar que este teu começo me alucinou, alucinou não no sentido sedativo ou qualquer efeito análogo, mas sim no sentido psicológico: Muito Bom este texto, resumidamente um pedaço de ti enrolado num pergaminho virtual , que é este espaço! Digo um pedaço de ti porque não está aqui metade daquilo que tu representas nesta passagem pelo planeta terra...pediria-te até que utilizasses este espaço para ires pondo cada vez mais pedaços de ti, gosto que sejas narcisista, talvez por me considerar assim também...
    Fico á espera dos teus recados neste espaço, acho que te vai fazer bem dissertar sem qualquer obstáculo...entregar alucinadamente os teus pensamentos a umas simples teclas de computador para que depois dê um resultado no mínimo igual a este ;).

    Beijinho grande de um leitor (agora) atento a este blog ;)***

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