terça-feira, 15 de setembro de 2009

I spy with my little eye...

Havia um pássaro na minha janela. Acabou de voar daqui.
Impressionante como esteve para alí horas, a pavonear-se, a esticar uma perna de cada vez e a catar-se. Tinha as pernas verdes, as penas azuis, mas pretas no rabo. Era vaidoso, e tinha um grande bico impinado.
Particuridades de uma vista de um sítio qualquer onde se está em paz.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pendura-me pelos pés

A manhã ainda é noite
e por isso está morna e fria.
Daqui a pouco vão estar lá fora vinte e tal graus.
Podia estar sempre assim.
Não quero usar roupa.
Já há muito que ando com a pele nua
talvez dissimulada em cima de mim.
quase mutilada e amarrada
a um esforço delinquente qualquer.
metade pedaço de gente,
metade vislumbre de uma mulher.

Não fosse por dois palmos de terra agora
e sete palmos depois de morrer
e nenhum de nós estava aqui
até ao próximo amanhecer

Procuras à toa aquilo
que já um vampiro qualquer devorou
procuras as tuas asas
e nem vês que alguém as roubou.

Vais sozinho e nem vÊs
que alguém te amassa e desfigura.
É a marca daqueles que deixas para trás
com esse ar resignado e duro do «tanto faz»

Ninguém te deve nada
nem tu deves ser assim,
amargurado por natureza
a carregar uma cruz carmim.

És duro contigo mesmo
e isso só te faz voltar para trás.
Porque não aproveitaste
Nada de jeito a que te dás.

Voa no firmamento um pássaro vulgar
que sabe que pode fugir,
só porque tem para onde voltar.

E sonhas todos os dias
com um dia qualquer feliz.
é o peso dos teus ombros
e não eu quem to diz.


Já nada serve de nada,
nem há janela nem porta
quando vendes a alma ao diabo
quando já a tens mais que morta.

Calem-se todos
quero o silêncio a romper os meus ouvidos
não quero andar de cor
Só quero extravasar os meus sentidos
e acordar num dia-a-dia melhor.

Quero viver pelos outros nascimentos.
Quero que os risos se confundam com sinos.
Quero manuscritos e não pensamentos
quero retratos sem rosto e franzinos.

Se ao menos hoje houvesse inquisição
que me matasse numa fogueira qualquer
talvez soubesse que estava viva
e que morria como uma mulher.

cabeça erguida e peito de frente
e cheiro a carne decadente
a esvair-se em dor dormente
de quem carrega uma ferida aberta no ventre.

Pendura-me pelos pés,
enquanto para me assustar me descreves o monstro que és
eu juro que não vou ter medo
e vou adormecer no segredo
de te chorar de repente.

Nada de jeito que quer dizer tanta coisa

Olá estranho.
Imagino todas as vezes que me teria cruzado contigo se ao menos eu tivesse estado mais distraída quando te encontrei.
Acredito em coisas banais como o céu azul que me inspira e o quanto grito em silêncio socorro.
Quem sabe se não teria sido mais certo, mais errado,
se tivesse esperado o acaso de te voltar a encontrar.
Podia ter sido numa estação de serviço a comer batatas fritas
se ao menos nós tivéssemos mesmo tanta coragem de viajar.
Ainda bem que te encontrei num centro comercial
e me ficaste com uma nota de cinco euros...e era por uma boa causa.
Olá estranho.
Quem foi que te disse que tínhamos que nos deixar morrer como uma baleia que dá à costa só porque é curiosa?
Não sei dizer o quanto este marasmo me faz morder os lábios de solidão
ou o quanto já não sei dizer nada, sem acrescentar algum senão.
Estava com o rosto iluminado e tinha engordado 6 quilos.
E precisava tanto de mudar.
Se ao menos tu soubesses o quanto vou ficar feliz quando vir que consegui sem nos termos deixado para trás.
Se um dia eu tiver que lembrar aqueles dias à beira mar e não for com saudosismo... aí eu vou saber que a minha vida valeu a pena.
Se a minha vida tiver saído da esterilidade e tu ainda me souberes abraçar...
Talvez aí eu consigo escrever o que me está a bater no peito e que não dá lugar hoje a nada de direito.
Porque parece que hoje queres ser um estranho que me abandonou numa praia qualquer.

Até a estrela do mar mais bela seca. Querem preservá-la e deixam-na ao sol, para morrer com aquela beleza rara que era tão mais rica quando humedecida dava um ar da sua graça.

Sinto que talvez te encontre mais vezes se de todo for assim...
mas já não vai ser com um olhar incandescente. vai ser com um olhar morno dormente.
«Passaram mil anos sobre o nosso encontro,
Mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar»

domingo, 6 de setembro de 2009

Coisas que irritam

Impressionante como há coisas que irritam toda a gente.
Quem é que não se irrita com as pessoas que, no meio do trânsito, têm uma predilecção por »acampar» na faixa da esquerda?? Será que aquele lado da estrada é assim tão atractivo quando vamos a 80 e não há ninguém na faixa direita? Não sei...
Já me aconteceu fazê-lo, talvez num daqueles dias de pintar as unhas ao volante ( eu não tenho jeito para pintar as unhas, mas curiosamente, a única vez que fiz um bom trabalho, foi nessas circunstâncias.. DOHHHHHH!!!!).
O facto é que o português tem um certo prazer em parar o trânsito, e não é só nas autoestradas ou nas nacionais... um exemplo prático disso passa-se bem perto de todos nós, quem sabe num centro comercial perto de si.
Não é que já tenha conhecido muitos países, infelizmente. Mas o facto de conhecer Londres, Paris e Madrid dá-me o direito de dizer isto... Nunca vi cambada maior de engonhadores cheios de razão como os portugueses nas escadas rolantes. Os portugueses queixam-se de stress, mas se vivessem verdadeiramente em stress já tinham adoptado essas técnicas «modernas e avançadas» que são irem pela direita na escada rolante para deixar passar quem quer... Sim, porque nem toda a gente tirou A VIDA para andar a passear no shopping a comentar o quanto aquelas coisas são giras e caras e feias e baratinhas... Há quem trabalhe, há quem não queira demorar 10 minutos a subir ou a descer lentamente por aquela passadeira antistress... ( Não há mesmo stress que resista...). Como se não bastasse, se um de nós, comuns mortais tem alguma pressa em avançar e, envergonhadamente, dá isso a entender, os verdadeiros langonhas com tendência para a vida obesa e sedentária ainda olham para nós com uma cara de « passa por cima» ou «não sei o que é que este quer».
Tendo como ponto de partida estas duas situações do empatador português típico ( a via da esquerda e as escadas rolantes), a minha conclusão é óbvia... Isto irrita-me verdadeiramente.
Não é algo que me tire o sono, até porque facilmente nos esquecemos destes pormenores, no entanto, acreditem que estas situações já me irritaram mais vezes do que as gafes da Manuela Ferreira Leite ( vou fazer uma vaquinha para lhe oferecer uma gramática esférica para poder mandar os seus pontapés mais descansada).
Outra coisa que me irrita é estar na fila de supermercado com um shampoo na mão, ou qualquer coisinha insignificante que precisava mesmo (o que importa é que seja só uma unidade) e estar alguém com dois carrinhos de compras atulados até acima, que me olha de lado e não consegue ter a gentileza de perceber que podia ser amável e deixar a operadora de caixa passar o meu solitário artigo...
Como é óbvio também me irrita quando estou numa fila até 10 unidades com 4 coisas e alguém com 2 ou 3 me pede para passar à frente...
É uma faca de dois «legumes». eheheheh
Podemos pensar em mais coisas que nos irritam mas que não nos tiram o sono. Aliás, até devíamos pensar nelas muitas vezes. Se calhar até são essas pequenas coisas que nos irritam e não nos tiram o sono que fazem de alguns dos nossos dias, dias péssimos e cinzentos, porque gota a gota a nossa paciência e cordialidade para como os que nos rodeiam vão enchendo, enchendo e não há copo de boa disposição que resista.
Uma coisa que também não me deve irritar só a mim são os arrumadores de carros... Como é que é possível que, com 20 lugares à disposição, alguém pense que nos pode indicar o lugar que havemos de escolher? Nesses mesmos dias em que já apanhei «palhaços» na faixa da esquerda na auto-estrada e não sei quantos glutões de gelados nas escadas rolantes, uma atitude dessas de um arrumador de carros, dá logo direito a um desabafo quente e mau que é :« EU TENHO OLHINHOS!!!!!!!». O risco de o meu carro ser riscado ( lol) é grande, mas às vezes já estou tão possuída pelo dia de irritadores crónicos, que o meu ar diabólico e de psicopata pode dar-me para ter um tête-a-tête com o senhor arrumador de carros profissional que fica a perceber que, se ele se achava perigoso, este palmo e meio de gente pode ser completamente louco e limpar-lhe o sebo num instantinho... Já aconteceu várias vezes eu notar que ficaram mesmo com medo... até me dá para me arrepender... mas pronto... o que é certo é que nunca nenhum me fez nada ao carro... inclusivé já houve uma circunstância em que quando cheguei, me tinha tirado um novo ticket de estacionamento porque o meu já tinha passado o tempo limite( de certeza que só meteu 20 cÊntimos na máquina que podiam servir para qualquer pessoa que aparecesse com esse problema- ser um bom profissional a arrumar carros é uma técnica cada vez mais em expansão....)
Podia continuar a escrever coisas destas que me irritam, e certamente voltarei a fazê-lo...

Foi isto que me deu na tola hoje...
Se alguém quiser escrever mais coisas que irritem, basta comentar esta mensagem... aliás, é o que vou fazer, certamente, em breve.


CIAO.