sábado, 3 de outubro de 2009

Dear Santa

Este ano não me portei tão mal como é habitual, por isso te escrevo esta carta em Outubro...
Não importam os precalços, mas sim os meus desejos emergentes.
Tenho dado por mim a ter um pânico geral em relação à minha felicidade. Não que não tenha muitas peças fundamentais à minha volta para que tudo dê certo... mas de que interessa ter todos os ingredentes se não sei fazer o meu bolo de chocolate delicioso em condições...
Pai Natal, o que eu te peço é que me deixes juntar os meus paradigmas, que faças com que o meu fermento faça crescer a minha farinha, que me dês a capacidade de ser calma... que prevaleça a minha clarividência sobre as coisas do mundo sobre as minhas explosões emocionais... que me deixes ser a mulher que eu sou... como posso ser tão tolerante no meu íntimo, se na HORA H eu faço birro e penso sempre « e a mim, quem me me percebe e quem me carrega?». Talvez eu não seja suposta de ser compreendida... isso é a minha peregrinação e não tem que ser a de mais ninguém.
Como posso estar sufocada com desconfiança, intolerÂncia e guerra, se no meu íntimo eu sou tão transparente, tolerante e só quero um pedacinho de paz...???
Hoje, fiz um cocktail novo ( só para mim) e adivinha, Pai Natal, está bom... É bagaço com ice tea de manga. devias experimentar... já houve outras variantes... isso porque sou uma grande barmaid e enquanto houver, maracujá, meloa, hortelã, manjericão e água lisa, até o bagaço faz uma boa base... desde que se improvise o sweet and soeur....
Pai Natal, eu nao quero presentes... só quero que me digas que eu vou poder ter a alegria.
ESta mensagem vai ficar incompleta porque não há condições.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

I spy with my little eye...

Havia um pássaro na minha janela. Acabou de voar daqui.
Impressionante como esteve para alí horas, a pavonear-se, a esticar uma perna de cada vez e a catar-se. Tinha as pernas verdes, as penas azuis, mas pretas no rabo. Era vaidoso, e tinha um grande bico impinado.
Particuridades de uma vista de um sítio qualquer onde se está em paz.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pendura-me pelos pés

A manhã ainda é noite
e por isso está morna e fria.
Daqui a pouco vão estar lá fora vinte e tal graus.
Podia estar sempre assim.
Não quero usar roupa.
Já há muito que ando com a pele nua
talvez dissimulada em cima de mim.
quase mutilada e amarrada
a um esforço delinquente qualquer.
metade pedaço de gente,
metade vislumbre de uma mulher.

Não fosse por dois palmos de terra agora
e sete palmos depois de morrer
e nenhum de nós estava aqui
até ao próximo amanhecer

Procuras à toa aquilo
que já um vampiro qualquer devorou
procuras as tuas asas
e nem vês que alguém as roubou.

Vais sozinho e nem vÊs
que alguém te amassa e desfigura.
É a marca daqueles que deixas para trás
com esse ar resignado e duro do «tanto faz»

Ninguém te deve nada
nem tu deves ser assim,
amargurado por natureza
a carregar uma cruz carmim.

És duro contigo mesmo
e isso só te faz voltar para trás.
Porque não aproveitaste
Nada de jeito a que te dás.

Voa no firmamento um pássaro vulgar
que sabe que pode fugir,
só porque tem para onde voltar.

E sonhas todos os dias
com um dia qualquer feliz.
é o peso dos teus ombros
e não eu quem to diz.


Já nada serve de nada,
nem há janela nem porta
quando vendes a alma ao diabo
quando já a tens mais que morta.

Calem-se todos
quero o silêncio a romper os meus ouvidos
não quero andar de cor
Só quero extravasar os meus sentidos
e acordar num dia-a-dia melhor.

Quero viver pelos outros nascimentos.
Quero que os risos se confundam com sinos.
Quero manuscritos e não pensamentos
quero retratos sem rosto e franzinos.

Se ao menos hoje houvesse inquisição
que me matasse numa fogueira qualquer
talvez soubesse que estava viva
e que morria como uma mulher.

cabeça erguida e peito de frente
e cheiro a carne decadente
a esvair-se em dor dormente
de quem carrega uma ferida aberta no ventre.

Pendura-me pelos pés,
enquanto para me assustar me descreves o monstro que és
eu juro que não vou ter medo
e vou adormecer no segredo
de te chorar de repente.

Nada de jeito que quer dizer tanta coisa

Olá estranho.
Imagino todas as vezes que me teria cruzado contigo se ao menos eu tivesse estado mais distraída quando te encontrei.
Acredito em coisas banais como o céu azul que me inspira e o quanto grito em silêncio socorro.
Quem sabe se não teria sido mais certo, mais errado,
se tivesse esperado o acaso de te voltar a encontrar.
Podia ter sido numa estação de serviço a comer batatas fritas
se ao menos nós tivéssemos mesmo tanta coragem de viajar.
Ainda bem que te encontrei num centro comercial
e me ficaste com uma nota de cinco euros...e era por uma boa causa.
Olá estranho.
Quem foi que te disse que tínhamos que nos deixar morrer como uma baleia que dá à costa só porque é curiosa?
Não sei dizer o quanto este marasmo me faz morder os lábios de solidão
ou o quanto já não sei dizer nada, sem acrescentar algum senão.
Estava com o rosto iluminado e tinha engordado 6 quilos.
E precisava tanto de mudar.
Se ao menos tu soubesses o quanto vou ficar feliz quando vir que consegui sem nos termos deixado para trás.
Se um dia eu tiver que lembrar aqueles dias à beira mar e não for com saudosismo... aí eu vou saber que a minha vida valeu a pena.
Se a minha vida tiver saído da esterilidade e tu ainda me souberes abraçar...
Talvez aí eu consigo escrever o que me está a bater no peito e que não dá lugar hoje a nada de direito.
Porque parece que hoje queres ser um estranho que me abandonou numa praia qualquer.

Até a estrela do mar mais bela seca. Querem preservá-la e deixam-na ao sol, para morrer com aquela beleza rara que era tão mais rica quando humedecida dava um ar da sua graça.

Sinto que talvez te encontre mais vezes se de todo for assim...
mas já não vai ser com um olhar incandescente. vai ser com um olhar morno dormente.
«Passaram mil anos sobre o nosso encontro,
Mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar»

domingo, 6 de setembro de 2009

Coisas que irritam

Impressionante como há coisas que irritam toda a gente.
Quem é que não se irrita com as pessoas que, no meio do trânsito, têm uma predilecção por »acampar» na faixa da esquerda?? Será que aquele lado da estrada é assim tão atractivo quando vamos a 80 e não há ninguém na faixa direita? Não sei...
Já me aconteceu fazê-lo, talvez num daqueles dias de pintar as unhas ao volante ( eu não tenho jeito para pintar as unhas, mas curiosamente, a única vez que fiz um bom trabalho, foi nessas circunstâncias.. DOHHHHHH!!!!).
O facto é que o português tem um certo prazer em parar o trânsito, e não é só nas autoestradas ou nas nacionais... um exemplo prático disso passa-se bem perto de todos nós, quem sabe num centro comercial perto de si.
Não é que já tenha conhecido muitos países, infelizmente. Mas o facto de conhecer Londres, Paris e Madrid dá-me o direito de dizer isto... Nunca vi cambada maior de engonhadores cheios de razão como os portugueses nas escadas rolantes. Os portugueses queixam-se de stress, mas se vivessem verdadeiramente em stress já tinham adoptado essas técnicas «modernas e avançadas» que são irem pela direita na escada rolante para deixar passar quem quer... Sim, porque nem toda a gente tirou A VIDA para andar a passear no shopping a comentar o quanto aquelas coisas são giras e caras e feias e baratinhas... Há quem trabalhe, há quem não queira demorar 10 minutos a subir ou a descer lentamente por aquela passadeira antistress... ( Não há mesmo stress que resista...). Como se não bastasse, se um de nós, comuns mortais tem alguma pressa em avançar e, envergonhadamente, dá isso a entender, os verdadeiros langonhas com tendência para a vida obesa e sedentária ainda olham para nós com uma cara de « passa por cima» ou «não sei o que é que este quer».
Tendo como ponto de partida estas duas situações do empatador português típico ( a via da esquerda e as escadas rolantes), a minha conclusão é óbvia... Isto irrita-me verdadeiramente.
Não é algo que me tire o sono, até porque facilmente nos esquecemos destes pormenores, no entanto, acreditem que estas situações já me irritaram mais vezes do que as gafes da Manuela Ferreira Leite ( vou fazer uma vaquinha para lhe oferecer uma gramática esférica para poder mandar os seus pontapés mais descansada).
Outra coisa que me irrita é estar na fila de supermercado com um shampoo na mão, ou qualquer coisinha insignificante que precisava mesmo (o que importa é que seja só uma unidade) e estar alguém com dois carrinhos de compras atulados até acima, que me olha de lado e não consegue ter a gentileza de perceber que podia ser amável e deixar a operadora de caixa passar o meu solitário artigo...
Como é óbvio também me irrita quando estou numa fila até 10 unidades com 4 coisas e alguém com 2 ou 3 me pede para passar à frente...
É uma faca de dois «legumes». eheheheh
Podemos pensar em mais coisas que nos irritam mas que não nos tiram o sono. Aliás, até devíamos pensar nelas muitas vezes. Se calhar até são essas pequenas coisas que nos irritam e não nos tiram o sono que fazem de alguns dos nossos dias, dias péssimos e cinzentos, porque gota a gota a nossa paciência e cordialidade para como os que nos rodeiam vão enchendo, enchendo e não há copo de boa disposição que resista.
Uma coisa que também não me deve irritar só a mim são os arrumadores de carros... Como é que é possível que, com 20 lugares à disposição, alguém pense que nos pode indicar o lugar que havemos de escolher? Nesses mesmos dias em que já apanhei «palhaços» na faixa da esquerda na auto-estrada e não sei quantos glutões de gelados nas escadas rolantes, uma atitude dessas de um arrumador de carros, dá logo direito a um desabafo quente e mau que é :« EU TENHO OLHINHOS!!!!!!!». O risco de o meu carro ser riscado ( lol) é grande, mas às vezes já estou tão possuída pelo dia de irritadores crónicos, que o meu ar diabólico e de psicopata pode dar-me para ter um tête-a-tête com o senhor arrumador de carros profissional que fica a perceber que, se ele se achava perigoso, este palmo e meio de gente pode ser completamente louco e limpar-lhe o sebo num instantinho... Já aconteceu várias vezes eu notar que ficaram mesmo com medo... até me dá para me arrepender... mas pronto... o que é certo é que nunca nenhum me fez nada ao carro... inclusivé já houve uma circunstância em que quando cheguei, me tinha tirado um novo ticket de estacionamento porque o meu já tinha passado o tempo limite( de certeza que só meteu 20 cÊntimos na máquina que podiam servir para qualquer pessoa que aparecesse com esse problema- ser um bom profissional a arrumar carros é uma técnica cada vez mais em expansão....)
Podia continuar a escrever coisas destas que me irritam, e certamente voltarei a fazê-lo...

Foi isto que me deu na tola hoje...
Se alguém quiser escrever mais coisas que irritem, basta comentar esta mensagem... aliás, é o que vou fazer, certamente, em breve.


CIAO.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Valeram a pena os cinco marqueses de vinho tinto

Foi com enorme descontração que comentei com um grande amigo que, há duas noites atrás, tinha tido uma noite memorável. Não lho disse desta forma, mas sim algo do género: « Vê lá, anteontem, cheguei a casa animada, jantei e bebi um resto de uma garrafa de «Outeiro de Águia»... e quando dei conta, decidi abrir um «Terras da Ervideira», pus-me a ouvir Jorge Palma e a criar um blogue... só quando me levantei é que dei conta que, sem querer, tinha bebido uma garrafa e meio de vinho tinto... » É claro que ele disse qualquer coisa que devia significar « lolito» e o que é certo é que, ao ouvir a minha história, para ele foi como aquele anúncio da whiskas: «Napoleãão, blablablablabla whiskas saquetas»... O que para ele foi » blablablablabla criar um blog». Perguntou-me qual era e, apesar de não interessar a ningúem e ser algo meio secreto, não tive dúvidas em partilhar.

Afinal, quando se tem um amigo há 11 anos, que o vai sendo, mais distante ou mais longe, de forma sempre presente ( AINDA BEM QUE HÁ O VODAFONE EXTREME), quem melhor para compreender o que eu tinha aqui escrito...

Mas a minha satisfação, na altura, ficou por aí. No entanto, após ter lido o comentário que ele deixou, só posso pensar que, por vezes, penso mesmo egoistamente. Todos sabem ( ou não?!!) que comportamento gera comportamento - a primeira vez que ouvi isto bibliograficamente, deveu-se ao pior professor que tive na minha vida, Sr. Rui Rufino, professor de psicossociologia e SIM, ESTOU A ESCREVER ISTO PARA O QUEIMAR PORQUE ERA MESMO DO PIORIO- e ao expandir algo de mim como acabei por fazer na noite em que após ter acabado de escrever no blogue ( a prova é quando eu digo que vou beber o meu Outeiro da Águia) bebi os cinco marqueses de vinho tinto ( à antigamente), foi um pouco como se abrisse as portas da percepção - eu pago os direitos de autor-... não só as minhas, mas também as dele. Ele também pode vir para aqui delirar à vontade. Este é o verdadeiro espaço para ti também. Aparece que és bem vindo.





Ao pensar agora na forma como apelidei a noite em que criei o blog ( memorável) acabei por me lembrar que este talvez já esteja a dar os seus frutos. No fundo o que fiz há duas noites atrás, não foi mais do que passar tempo de qualidade comigo mesma... coisa que já tinha saudades de ter pica suficiente para fazer. OH GOD!!!IT'S NICE TO BE COMING BACK. Quem sabe se, numa questão de dias, não começam a ser novamente os meus pontos proritários ver que tipo de azul tem o céu hoje, ou que flores deitarão aquele cheiro...

Em relação a cheiros de flores há dois que são como uma coisa entranhada em mim. Cada vez que os sinto, transportam-me, não para momentos exactos... talvez para «eras da minha vida»... não lembro momentos, mas sim estados de espírito e sensações. As duas flores são camélias e as outras não me perdoo de não me lembrar agora o nome... Eram as flores que a minha avó tinha. Também eram flores com que a minha mãe e a minha tiazinha enfeitaram muitas vezes a campa da mesma avó. Eram simples. E a sua beleza não é propriamente da sua forma... não são ordinariamente bonitas... Têm aquela beleza do género «wabi sabi»--- quem não souber o que é, vá ver ao dicionário-. São lindas. são como uma versão rústica de flores, cor de rosa estranho, com algumas partezinhas brancas. A primeira vez que dei conta que o cheiro dessas flores me causava isso foi um marasmo tão grande de sensações que andei dois kms na cidade onde estudei, a caminhar com lágrimas a cairem-me pela cara abaixo, como se quem passasse fosse migalhas do universo.

Não ia a chorar, ia saudosista e as lágrimas eram tipo um prémio.

Cheguei agora à conclusão que, a esse tipo de reacção psíquica e biológica, muitos anos mais tarde dei o nome de « chorar ao contrário». Foi um dia, quando estava com o rapaz que tive a sorte de encontrar.. sim, aquele com quem hei-de estar até sermos os dois velhinhos. Foi no início que eu chorei ao contrário ao pé dele... impossível haver uma extase tão grandes de sensações vindas só de amor, encanto, plenitude, esperança. Para ajudar ainda havia magnum pepperoncino...para quem não sabe são uns chocolates que vÊm numa caixinha pequenina e que têm chili pepper. São bons, mas nunca serão deliciosos como nesse dia.Não há dúvida que as sensações são mais geniais quando dilatam as demonstrações físicas da alegria. Quando estiverem felizes, concentrem-se no estado do vosso organismo... se conseguirem identificar as suas mudanças internas... é fantástico porque depois conseguimos associá-las a cada vez mais coisas e parece que há sempre um sorriso esboçado na nossa cara.

Lamento muito ter nomeado o meu amor como « o rapaz que tive a sorte de encontar». Foi muito pobre da minha parte, estive pelo menos dois minutos e meio a pensar e não sabia como descrever a pessoa que sei que me conheceu em pleno, tal como eu a ele... do género de ele ser para mim «este blogue» e eu o blogue dele. ... Eu sei deveras que o vou amar sempre. Espero que enquanto escrevemos os capítulos de um livro que já sabíamos que ia ser muito comprido, saibamos dar um bom desfecho aos capítulos maus e horríveis para alcançar o nosso oásis. A nossa cabana à beira mar.

Já vivemos melhores dias, é verdade, mas este blogue é de mim, com o meu cérebro em modo «alfa», ou seja, não estou aqui para falar do incompreensível que é o amor ou o modo como cada um o manifesta... nem tão pouco como a ausência dói, o desprezo magoa ou essas coisinhas... estou aqui para falar com coerência... e a minha coerência diz-me que, apesar de ser possível que o universo me troque as voltas, eu acredito que o que tem que ser há-de ser. E não há-de ser por orgulhos que não acontece... O universo não conspira só para o mal... basta querer que quando eu quero muito uma coisa, o universo inteiro conspira para que ela aconteça. Porque também não desejo impossíveis ou em vão. A minha força move montanhas.

Isto foi narcísico, é uma forma de me puxar ainda mais. No entanto, isso não acontece só comigo, de certeza. Basta a qualquer ter garra e acreditar nas coisas certas.

Se ao menos eu estivesse sempre no modo alfa...

Para o meu amor, um abraço daqueles quentes-morninhos que enchem a alma e aconchegam o coração.





Hoje deviam ter aparecido «duas luas no céu». Pedi-te para lhes tirares fotografias... perpetuar o que eu ia ver e , mais tarde, vÊ-lo pelos teus olhos, pela tua objectiva...

Ainda bem que o fiz... à hora certa, o céu aqui na cidade do mundo onde me encontro, ficou nubladíssimo... acho que vou mesmo ter que ver pela tua perspectiva, num sítio bem mais azul, bem mais ao sul.



E por hoje é tudo, daqui, do sofá do meu pai.



Um pensamento que ouvi num filme qualquer estranho com a Meg Ryan:



« Quero fazer contigo o que fazem as cerejas maduras»





-------------------Vai-se lá saber o que é...-----------------------------------------------------







P.S.-> Goivos!!! As flores chamam-se goivos.*********************************************

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entrega alucinada

Esta é uma entrega alucinada: Um presente de mim para mim.

Ando à minha procura, talvez já faça muito tempo. Talvez nunca tenha sabido onde comecei esta busca, nem nunca soube porquê.
Não... não é que me sinta perdida, não é que não saiba de mim. Só me pergunto onde foi que comecei a perder o tudo que me faz sempre falta.
Desde sempre escrevi... Aos seis anos, um lindo poema, acabava em anedota, e mais tarde irei escrevê-lo aqui, quando este blogue se criar a si próprio.
Desde o fim da minha infância ao início da vida adulta (??-isso existe), longas foram as noites em que chorei sem saber o motivo, escrevi como quem morde uma maça sucolenta com a força de um esfomeado por aquele sabor que nunca soube descrever bem, mas desde tenra idade lhe chamei « sabor a verde». Acendia velas e escrevia, como se não houvesse amanhã. Com a desorganização organizada, como lhe gosto de chamar, até penso ter uma compilação dessas folhas e guardanapos e papel higiénico e folhas de árvores, onde ia escrevendo sempre que o peito me apertava, como se se tratasse de um pronúncio maior... sim, muito maior que eu, muito mais forte que eu, muito mais além que eu, no fundo muito mais de mim.
Entre esvaziamentos da minha cabeça a tentativas de esvaziar a cabeça, essas pequenas criações, que mais tarde poderei a vir chamar tesouro, tiveram uma interrupção cega, num período em que viver começou a ser um puzzle ainda maior e a criação se perdeu sei lá eu por onde. No entanto, há rasgos anuais de algo «estúpido» que fui escrevendo que só se vai tornando bom, à medida que o tempo passa e as feridas se moem e curam e cicatrizam, como se a vida fosse uma gripe antiga que só passa com «mezinhas da avózinha»... Uma avózinha singela, uma avózinha quase infantil, que ao longo do tempo teima em se ir curando a ela própria. A avózinha que sou eu para mim mesma. Como qualquer avó, minha ancestral, eu vou cuidando de mim. E às vezes, sou mesmo avó... deixo-me ir ao fundo, porque não nos podemos deixar evitar as desilusões, os impulsos... as desilusões... e como uma boa avó, acabo sempre por me dar colinho, fazer festinhas na cabeça e após muitas lágrimas e sufoco, afirmo que vai correr tudo bem... que vai ficar tudo bem... e corre... Pronta para outra. E esta é a história da minha vida, resumida na forma quase desprovida de apoio total, que sinceramente nunca encontrei em ninguém, por muito que mo tenham dado, porque não suporto a ideia de que se estou no buraco é porque eu me deixei. E é por isso que sou eu que tenho que me ir lá buscar.
Este pressuposto, desde cedo me fez estabelecer uma dualidade que, para mim, é tão certa como haver céu e terra, uma dualidade minha, que sempre foi ganhando identidade através dos meus dois nomes próprios, aos quais sempre respondi de igual modo quando me chamavam. Cada um deles foi-me mais chamado em determinados periodos da minha vida. Neste momento tenho a herança desses períodos e tanto me chamam o primeiro como o segundo. Inclusivé há pessoas que me chamam um ao falar para mim, e outro ao referirem-se a mim... o que não deixa de ser giro. Digo isto, porque ao longo do tempo, de forma a conseguir compreender as dualidades que sempre se passaram cá dentro, tive a necessidade de nomear cada uma das discrepâncias do meu ser com o meu primeiro ou segundo nome. Não foi de propósito, aconteceu. E já há muito tempo que o meu objectivo é responder aos dois nomes juntos.
Isto pode parecer estúpido e sem sentido para muita e muita gente. No entanto, a essas pessoas garanto que tem todo o fundamento do mundo. Não falo de dupla personalidade, mas sim de «modus operandi» face à vida paralelos. Como se, com o mesmo fundo, me pudesse facilmente ter tornado numa ou noutra, sem que nenhuma delas, no fundo, deixasse de estar sempre presente. Daí eu procurar a plenitude e prosperidade de me sentir verdadeiramente inteira.
Vou afirmar isto só uma vez: No fundo, este blogue não interessa a ninguém. Este blogue só pode mesmo interessar-me a mim, ou a um qualquer psicoterapeuta que eu venha a consultar no futuro. Sempre tive vontade de ter um, a minha dificuldade foi sempre : «POR ONDE É QUE EU HEI-DE COMEÇAR????» Ao contrário de muita gente eu sempre tive a noção de quanto poderia custar a terapia que eu preciso. No entanto, estou adaptada ao mundo. Estou adaptada a mim. Só precisava de «rematar» as minhas pontas soltas. Aí tenho a certeza que a minha vida ia ser boa. Agora é boa, no geral, mas quando acontece uma desgraça, sou tipo o efeito dominó, e acreditem que é mesmo verdade. Se eu contasse episódios de cada um dos meus períodos críticos, a palavra inacreditável seria o que melhor os classificava.
Por isso, este é um blogue narcisista, só me interessa a mim. É uma entrega alucinada ( NÃO, NÃO SOU FÃ DA MAFALDA VEIGA). De mim para mim, com todo o amor do mundo. O objectivo é pôr fim a esse vazio, a essa lacuna temporal que existe nos meus manuscritos e tentar esvaziar de mim, dar-me a mim... e daqui a muitos anos, rir-me ao compreender-me muito melhor.
Aqui vou simplesmente escrever o que me der na tola. ( a palavra tola já fez parte disso). Se alguém me conhecer bem, facilmente me há-de identificar. Mas duvido que alguém me encontre aqui, até porque ninguém anda à procura, e quem andar, certamente não sabe estes meus segredos. Estes segredos através dos quais, através de quaisquer olhos, me descrevo como louca, como dupla, como sei lá eu o quê.
É um blogue para mim. E aqui hei-de escrever de tudo. Desde «o trauma de uma caracol impotente e a sua influência no comportamento do Bin Laden», até ao «como fazer massa com cogumelos em vinte minutos e comer e chorar por mais». Estes são detalhes de mim. Detalhes muito esmioçados. Esmioçados é uma palavra muito minha. Como tantas outras palavras inventadas e tantas outras coisas que são mesmo muito minhas.
A maior parte nem me lembro delas... por isso é que aqui estou, para não deixar que elas me passem ao lado.
Tenho vontade de sentir, vontade de me alargar. Vontade de me perder, desejo de me encontrar. É a única forma de crescer e levar comigo as coisas boas que tenho. E um dia, heí-de estar à beira mar a viver dias e momentos que em tantas alturas passadas, eu já vi, e lhes chamei « Visões»Ver coisas, momentos e situações que tenho a certeza que vão ocorrer, também é uma coisa muito minha. Só sei isso porque algumas já aconteceram. Não. Não sou bruxa... apenas sei juntar peças, de forma intuitiva e perceber o que é provável.Não é algo que faça de propósito, mas quando acontece...sorrio e espero... muitas vezes com carinho, outras com pânico... porque não vejo só coisas boas.
Para que fique aqui bem assente: EU NÃO ADIVINHO. ÀS VEZES PREVEJO, mas não de forma isotérica, mas sim, esquematicamente racional, sem querer. Uma forma de racionalidade que me ultrapassa como aos grande matemáticos que passam de A para D, sem passar por B e C... Esse B e C a eles e a mim são muito difíceis de explicar como não os vimos... vimos mais rápido? Mais eficazmente? Ou simplesmente mais além? Não sei. Nem quero saber. É só mais uma coisa minha. E a mais ninguém deve interessar a não ser a mim. Acho eu.
Fico contente por esta introdução me dar liberdade. É o que vai acontecer daqui para a frente. VOu escrever o que me der na tola. Mais nada. Sempre que me apetecer e nunca quando não tiver a certeza que me apetece.
Agora vou ver o Family Guy, acabar o meu «Outeiro da Águia» e dormir mais descansada do que teria dormido se não tivesse tido este devaneio. Obrigada eu! See you soon.